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Dentição

Acadêmica Fabiana Rankrape

Professora Katia Atoji

 

   Os equinos possuem mandíbula móvel, e apresentam dentes de diferentes formatos: incisivos (I), caninos (C), pré-molares (PM) e molares (M).

   Os dentes dos equinos possuem coroas longas, de 7 a 10 cm no sentido ápico-coronal, nos dentes pré-molares e molar como hipsodontes. A dentina, o esmalte e o cemento na superfície de mastigação se remodelam constantemente, pois há diferença de resistência entre os tecidos que compõem os dentes. A erupção contínua (elodontia) segue uma dinâmica de 2 a 3 mm por ano, durante toda a vida do cavalo.

  As características de hipsodonte e elodontia permitem que o cavalo se alimente por até 18 horas diárias com uma dieta composta de forragens abrasivas à superfície dentaria por seus constituintes, como sílica, hemicelulose, celulose e lignina.

  A superfície oclusal dos dentes é uma combinação de propriedades de elasticidade e plasticidade diferentes, proporcionadas pela inter-relação dos três tecidos dentários: o esmalte, a dentina e o cemento.

  O dente hipsodonte tem prolongada erupção, acredita-se que isso se deve à continua deposição de dentina e tração exercida pelo ligamento periodontal. A taxa de erupção deve ser equivalente à taxa de desgaste oclusal de 2 a 3 mm por ano.

 O uso e o desgaste dos dentes, a continua extrusão promovem a diminuição da coroa de reserva. A altura da coroa clinica e o comprimento da raiz permanecem os mesmos a partir da época de maturação do dente, mas a posição do ápice da raiz migra na direção coronal enquanto a coroa de reserva diminui. A erupção da coroa de reserva inserida no osso alveolar ocorre até a extrusão completa da coroa, dando possibilidade para os equinos idosos manterem seu aparato dental funcional por muito tempo.

  Os equinos possuem 12 dentes incisivos, sendo 6 incisivos mandibulares (inferiores) e 6 incisivos maxilares (superiores). Os dentes incisivos tem a função de apreender e cortar a forragem. Cavalos que não tem acesso ao pastoreio, os confinados, não usam seus dentes incisivos para cortar a forragem, podendo assim torna-los mais longos que o normal devido à falta de atrito.

  Os dentes decíduos (“dentes de leite’’) são mais claros, possuem um infundíbulo mais largo e superficial que o dos dentes permanentes e a erupção ocorre na borda lingual.

   Os dentes caninos e primeiro pré-molar (“dente do lobo’’) são dentes de coroa simples. Embora ocorra variação numérica individual, esses dentes estão localizados no diastema ou espaço interdental entre incisivos e pré-molares.

 

Como identificar um dente

 

   Para identificar um dente no equino: um sistema anatômico e um sistema zootécnico.

   No sistema anatômico, um dente é identificado com uma letra e um numero que corresponde à sua função, seu tipo (decíduo ou permanente) e sua posição. A função é identificada pela primeira letra do nome próprio do dente: I: incisivo, C: canino, P: pré-molar, M: molar. A capitalização da letra indica se o dente é decíduo (letra minúscula) ou permanente (letra maiúscula). Dessa forma, por exemplo, M1 identifica o primeiro molar permanente e P2 identifica o segundo pré-molar decíduo.

  O sistema zootécnico é generalista, pois os dentes são identificados apenas com o próprio nome: incisivos, molares e pré-molares. Os incisivos são denominados de acordo com sua posição: pinças (I1), médios (I2) e cantos (I3). O primeiro pré-molar (P1) é identificado como “dente do lobo”.

 

Indicadores de idade: aspectos dentários que auxiliam na determinação da idade

 

    A erupção dos dentes decíduos ou permanentes é considerada o mais aperfeiçoado de todos os indicadores para animais com até cinco anos de idade. Os dentes decíduos conhecidos como “capas’’ são empurrados para fora da gengiva pelos dentes permanentes (processo conhecido como ‘’muda’’).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Determinação da idade

 

   A determinação da idade de um cavalo é normalmente limitada ao exame dos dentes incisivos. A avaliação pelos exames visual e radiológico dos dentes pré-molares e molares é ocasionalmente realizada e ajuda na estimativa da idade, em especial nos potros.

   Conforme o cavalo envelhece (acima de 15 anos), as alterações na conformação dentária tornam-se menos precisas e o diagnóstico de determinação da idade dental diminui. A grande variação pode ser um fator individual e influencia da raça.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A influência dos hábitos alimentares sobre a dentição

 

   Os equinos são animais de pastoreio contínuo, em seu hábitat eles mastigam por um tempo que equivale até 75% do dia.

   Os equinos tem por hábito um pastoreio seletivo e tendem a evitar comer forragem em locais poluídos com esterco e urina.

   Gramíneas, feno e silagem são alimentos ricos em sílica e devem promover o desgaste dentário numa taxa semelhante à taxa de erupção. No entanto, dietas ricas em alimentos concentrados reduzem o desgaste da superfície oclusal e restringem a amplitude da excursão da mandíbula.

 

Identificando problemas na boca e nos dentes

 

   Na maioria dos casos os equinos não apresentam qualquer sintoma de doenças nos dentes até que ocorram intensos distúrbios. Ocorre uma frequência elevada de problemas na boca e nos dentes sem manifestação de sinais e sintomas clínicos. Em virtude disso alguns equinos desenvolvem a capacidade de se adaptar a determinados desconfortos, passando a sofrer em silêncio.

   Os sinais mais comuns de problemas na boca e nos dentes são:

  • Dificuldade para mastigar e engolir.

  • Mastigação lenta e intermitente.

  • Salivação excessiva durante a mastigação (a salivação durante a equitação é desejável e representa sinal de descontração).

  • Queda de forragem parcialmente mastigada durante a mastigação.

  • Movimentos com a língua sob a forma de torcer ou girar.

  • Volume na bochecha causado por acumulo de forragem.

  • Grandes fragmentos de forragem (maiores que 0,6cm) e/ou grãos inteiros nas fezes.Perda de peso ou dificuldade de ganho.

  • Cólicas por compactação.

  • Aumento do volume na borda ventral da mandíbula, nos ossos da face, com ou sem fístula.

  • Odor fétido na boca (halitose) ou narinas.

  • Dificuldade respiratória por obstáculo nasal e sinusite.

  • Corrimento nasal sanguinolento, purulento ou pútrido.

  • Mastigar, morder ou reagir contra a embocadura.

  • Movimentos de sacudir, balançar, inclinar, levantar e abaixar a cabeça.

  • Resistência ao comando pela embocadura para virar ou parar.

  • Arrancadas repentinas.

  • Limitação ou queda de performance.

   Mesmo com boa condição física não se pode dispensar a necessidade de exame e tratamentos dentários. O melhor tratamento é o preventivo, de preferência na ausência verdadeira de sinais e sintomas. Faz-se de grande importância a criação ou o aumento da consciência racional das pessoas que se relacionam direta ou indiretamente com os equinos.

 

Referências

 

CINTRA, A. G. de C. O cavalo: características, manejo e alimentação. 1.ed. São Paulo: Roca, 2010.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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