Manejo reprodutivo do garanhão, da égua e do potro
Acadêmica Fabiana Rankrape
Professora Katia Atoji
Para obter sucesso na reprodução é preciso ter um potro saudável, livre de doenças hereditárias, fisicamente apto à utilização para a qual é destinado e psicologicamente pronto para ser educado pelo homem e passar a vida em sua companhia.
Com o intuito de evitar doenças sexualmente transmissíveis, a maioria dos haras exige um atestado veterinário sobre as éguas que serão cobertas. Os garanhões são regularmente examinados, além disso, são descartados da reprodução os descentes de uma linhagem onde ocorreu uma doença hereditária. Um exemplo é a osteoartrite, doença degenerativa que provoca lesões ósseas. E mesmo que as sequelas de um acidente não impeçam uma égua de se reproduzir, é preciso analisar a causa deste acidente (defeito de aprumos, fraqueza dos membros em relação à massa corporal) para verificar as chances de transmissão desses traços, que podem expor o potro a riscos similares. Há a possibilidade de excluir os cavalos de temperamento difícil, para evitar o nascimento de animais perigosos para a carreira hípica.
A cobertura da égua
As primeiras decisões a serem tomadas é o tipo do garanhão, raça, morfologia. Para cobrir uma égua, é preciso encontrar o genitor capaz de gerar o almejado potro.
A escolha do garanhão, na maioria das vezes inicia a pesquisa com garanhões que já se tenha ouvido falar, mas se a escolha for uma raça especifica, é possível procurar uma associação de criadores, grande parte das raças tem a sua, para conseguir o contato dos proprietários de reprodutores.
Feita escolha de um ou vários indivíduos com o perfil desejado, é indispensável ir vê-los pessoalmente, para avaliar as suas qualidades, físicas e psicológicas. A distância a ser percorrida também deve ser levada em consideração para levar a égua junto ao garanhão, o que implica fretes de viagens elevados. Ao transporte da égua soma-se o preço da cobertura.
O custo é bem variável, que vai de uma quantia simbólica por um garanhão sem origem nobre a verdadeiras fortunas por um campeão. Em diferentes situações, há diferentes respostas, por exemplo, alguns proprietários de garanhões oferecem garantias como a ecografia depois da monta. Alguns reembolsam a quantia paga em caso de fracasso na fecundação e outros não se responsabilizam pelo insucesso da operação.
A égua é apresentada ao garanhão quando está no cio. Alguns sinais confirmam seu estado: leve excitação ao ver outros cavalos, urinação atrapalhada e comportamentos particulares de acordo coma personalidade. Mas ainda a melhor maneira de confirmar que ela está em período fértil é apresenta-la a um “rufião” (que não vai efetuar a monta). Se um animal, garanhão ou um cavalo castrado tardiamente, ficar excitado ao se aproximar da fêmea, ela certamente estará no cio.
Para ser coberta a égua deve estar em boas condições de saúde, não for portador de nenhuma doença transmissível (como impetigo, sarna etc.) e estiver rigorosamente em dia com as vacinações obrigatórias.
Cobertura de uma égua pode ser assistida ou em liberdade. Para economizar tempo e eliminar os riscos de ferimentos, a cobertura assistida é feita quando garanhões de grande valor comercial estão envolvidos. Em alguns casos, para evitar que a égua fique nervosa, ela é presa com uma peia, uma correia que se prende, de um lado, numa pescoceira (tipo coleira) e, do outro, em cada um dos membros posteriores (na altura das quartelas). Isso a impede de coicear.
Na cobertura em liberdade, égua e garanhão são soltos no pasto, por um longo período de tempo mais ou menos longo. Para ter certeza que a égua será fecundada, é desejável deixa-la junto ao garanhão por, no mínimo, um mês. Assim, se ela não for fecundada durante um primeiro cio, pode ser no próximo.
No macho a puberdade inicia por volta de um ano e meio, quando a testosterona favorece o surgimento das características sexuais. Na égua, a puberdade ocorre aos dezoito meses, época em que aparecem os primeiros cios.
A gestação
Semanas após a cobertura o veterinário pode se certificar que a égua está prenhe através da palpação ou pela ecografia. Com resultado positivo, deve-se cuidar o desenvolvimento da gestação até a hora do parto.
O período de gestação da égua é de onze meses, porém, torna-se mais visível nas ultimas semanas. Na maioria dos casos a égua muda seu comportamento, ela pode se tornar apática e, repentinamente, se afastar de quem possa desconfiar.
Dieta
A égua deve ser bem alimentada, isso precisa ser levado em conta na hora de calcular suas rações, que devem ser mais completas e gradualmente mais fartas até o parto. Todavia, a qualidade da forragem e, sua variedade é mais importantes do que sua quantidade. Ao feno de boa procedência pode ser adicionado um pouco de plantas leguminosas, como a alfafa, cortada ou desidratada (granulada). Um complexo de vitaminas e minerais garante um bom desenvolvimento e uma ossificação adequada do potro. Deixar sal à disposição da égua, em relação à ração energética, ela deve ser gradualmente aumentada no decorrer da gestação e de acordo com o trabalho do animal.
Uma égua prenhe pode trabalhar calmamente sobre a sela ou puxar uma carga moderada, que não exija esforços que prejudiquem o seu estado, pois a atividade física é natural e benéfica ao potro que esta por vir. A medida que se aproxima mais do parto, deixa-la em repouso é o modo mais garantido de agir.
O nascimento
No parto inicialmente, a bolsa amniótica surge e se rompe, deixando escorrer o liquido que contém. O focinho e os cascos anteriores do potro aparecem, seguidos do corpo inteiro, que escorre sobre o solo. O cordão umbilical se estica e se rompe, o filhote emerge da placenta. Ainda deitado começa a explorar o ambiente: ele olha, cheira, escuta e tenta mamar. A égua lambe a cabeça do potro e cerca de quinze minutos após o parto faz uma toalete completa, que tem efeito benéfico de estimular sua respiração e circulação sanguínea. Essas lambidas permite reconhecer seu filhote através do olfato, sem se enganar.
Após o nascimento, o comportamento do potro já segue esquemas determinados pelos instintos da espécie, pelo seu ritmo biológico e pelas interações com os cavalos do grupo a que pertence.
Referências
LAROUSSE DOS CAVALOS; Larrouse du Cheval. São Paulo, Editora Larrouse. 2006. p.282.